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Migração Sazonal Em Santa Bárbara d'Oeste: Condições de vida e Cotidiano dos Bóias-Frias

Date post: 15-Nov-2023
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Migração Sazonal Em Santa Bárbara d’Oeste: Condições de vida e Cotidiano dos Bóias-Frias Ednelson Mariano Dota Palavras-chave: migração sazonal; cotidiano; vivências; cana-de-açúcar; Resumo O trabalho propõe-se a explicar a migração sazonal nordestina, analisando os motivos dessa migração, o quanto esse movimento pelo território influencia na vida daqueles que migram, e daqueles que no Nordeste permanecem. Santa Bárbara d’Oeste, município com alta produtividade de cana-de-açúcar é o destino desses trabalhadores rurais migrantes, os quais chegam para trabalhar, e passar boa parte do ano. Conhecer as condições de vida, as vivências, experiências e expectativas que estas pessoas carregam, além de compreender quais as vontades e objetivos que os norteiam, é o conteúdo desse trabalho. Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. Geógrafo formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, professor do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. [email protected]
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Migração Sazonal Em Santa Bárbara d’Oeste: Condições de vida e Cotidiano dos Bóias-Frias∗

Ednelson Mariano Dota♣

Palavras-chave: migração sazonal; cotidiano; vivências; cana-de-açúcar; Resumo

O trabalho propõe-se a explicar a migração sazonal nordestina, analisando os motivos dessa migração, o quanto esse movimento pelo território influencia na vida daqueles que migram, e daqueles que no Nordeste permanecem. Santa Bárbara d’Oeste, município com alta produtividade de cana-de-açúcar é o destino desses trabalhadores rurais migrantes, os quais chegam para trabalhar, e passar boa parte do ano. Conhecer as condições de vida, as vivências, experiências e expectativas que estas pessoas carregam, além de compreender quais as vontades e objetivos que os norteiam, é o conteúdo desse trabalho.

∗ Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. ♣ Geógrafo formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, professor do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. [email protected]

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Migração Sazonal Em Santa Bárbara d’Oeste: Condições de vida e Cotidiano dos Bóias-Frias

Ednelson Mariano Dota

Introdução: A Migração como fenômeno multifacetado

O fluxo de pessoas pelo espaço sempre foi muito comum em todas as partes do mundo, e em todas as épocas. Desde os tempos remotos, com os povos nômades, passando pela época relatada na bíblia, até os dias atuais, a migração constitui-se como um dos fenômenos principais no globo.

Especificamente no Brasil, os fluxos populacionais iniciaram-se antes mesmo do descobrimento, a partir dos costumes dos povos indígenas. Tribos como a dos índios Guarani, já viviam se deslocando pelo território ainda “virgem”. Do descobrimento até os dias atuais, nosso país foi palco de vários e importantes deslocamento de massas humanas. A instalação das primeiras pessoas vindas de Portugal para as capitanias, a chegada de negros para o trabalho escravo, a migração de nordestinos para a construção de importantes capitais como São Paulo, e posteriormente Brasília. O êxodo rural, que tanto modificou o espaço, e os fenômenos migratórios mais recentes, como a busca pelo Centro-Oeste, e a migração sazonal, a qual será abordada neste trabalho.

As causas das migrações variam a partir do momento histórico e da cultura de cada povo. Por outro lado, a maior parte dos movimentos populacionais foi motivado por melhores oportunidades de trabalho, melhores condições de vida. As condições mínimas que as pessoas buscam para a realização pessoal muitas vezes não podem ser encontradas em sua terra natal, fato que os fazem buscar novos horizontes, que venham, mesmo que de modo parcial, a realizar seus objetivos. Desta forma, a migração mostra-se como fenômeno multifacetado, seus fluxos abrangem desde pessoas em condições sub-humanas à procura de oportunidades, até pessoas de classe média, buscando países como os Estados Unidos, o leste europeu e o Japão. O deslocamento espacial das populações, com suas diferentes causas é também uma avaliação dos territórios, das possibilidades que estes apresentam.

Antes mesmo de ser usado como recurso pelas grandes empresas, (SANTOS, 1997) o território já era usado pela população, tanto como abrigo quanto como meio de oportunidades. Essas oportunidades se mostram a partir da diferenciação de cada lugar, seja em suas condições econômicas, sócias e até climáticas.

“como no inverno quase nem tem chovido, a gente fica sem opção” (Francisco Souza,

35 anos) Fato importante que corrobora para a continuidade do ato de migrar é a assimilação da

mão-de-obra no local de destino. A captação dessa mão-de-obra que possibilita as migrações sazonais, enquanto a falta dessa absorção pelo mercado de trabalho que fez com que o movimento Nordeste – São Paulo tenha diminuído sensivelmente, e que o retorno destes que vieram há algum tempo começasse a aflorar como movimento relevante no século XXI.

Santa Bárbara d’Oeste, um dos pontos de captação dessa mão-de-obra, recebe anualmente relevante contingente populacional de migrantes provindos do Nordeste. A

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importância da cana-de-açúcar, presente deste a formação do município, e o atual momento de expansão das áreas canavieiras pelo Brasil, mostram que a cana é tão importante para Santa Bárbara d’Oeste, quanto o trabalho nos canaviais paulistas se mostram essenciais para os migrantes sazonais. Migração no Brasil, seus fatores e características

O estudo dos fluxos populacionais pelo território, intitulado de migração, tem sido tema freqüente nos estudos de diversas ciências1. Segundo Santos(1994), a migração caracteriza-se como sendo o movimento da população pelo espaço, sendo que este movimento está relacionado às transformações políticas, sociais e econômicas dos diversos lugares onde ela ocorre. “Por isso, dizemos que a migração é um fenômeno histórico e social.” (SANTOS, 1994, p.7)

Historicamente, o Brasil teve como principais locais de movimentação populacional a região nordestina e o estado de Minas Gerais, e isso se deu por diversos fatores, muitas vezes isolados atuando conjuntamente, mas acima de tudo as desigualdades regionais do Brasil foram o fator principal que propiciou a grande mobilidade das pessoas.

De modo geral, as condições criadoras de deslocamentos das populações da região do Nordeste submetidas a uma situação-limite prendem-se ao contexto das relações desiguais de desenvolvimento entre as regiões/estados. (CAVALCANTI, 2000, p.02).

Essa mobilidade proporcionou um equilíbrio nos saldos populacionais das diversas

regiões, uma com excedente (Nordeste e Minas Gerais), e outra com falta devido à crescente industrialização pela qual estava passando (São Paulo). Brito et al.(2004) exemplifica tal equilíbrio quando citam que as principais rotas de migração

se estruturam para atender, não só as necessidades de transferência regional do excedente de força de trabalho, mas, também, [...] articulavam os dois grandes reservatórios de força de trabalho, o Nordeste e Minas Gerais, com os estados onde ocorria o maior crescimento industrial[...]. (Brito et al., 2004,p.02)

Desta forma, uma região supria a necessidade da outra. São Paulo com suas indústrias

em expansão assimilava a grande quantidade de nordestinos, que buscavam um emprego com o qual pudessem conquistar melhores condições de vida. E a busca por esse sonho movimentou milhares de pessoas, sendo que o crescimento expressivo desses fluxos ocorre a partir da década de 1940. A intensidade desse fluxo pode ser confirmada quando analisamos a afirmação de que “na segunda metade da década de setenta, São Paulo tenha recebido um terço dos imigrantes interestaduais dos quais, 41,0% eram nordestinos” (Brito e Marques, 2002, p. 05).

1 Em levantamento realizado na base Lattes encontraram-se 23 grupos de pesquisa que estão trabalhando com o tema migração: 4 deles pertencentes à Geografia, além de 6 da Antropologia, 4 da Demografia, 3 da Sociologia, 3 da História, 2 da Educação e 1 da Economia. Esses dados demonstram a relevância dos estudos migratórios não só para a Geografia e para a Demografia, tradicionais neste tema. Outras ciências também perceberam a relevância do tema para a percepção da estruturação do espaço, e o entendimento do Brasil como é conhecido hoje. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br> .Acesso em 25/04/2007, 15:20.

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Em conformidade com os autores citados acima, Cavalcanti (2000) afirma que a chegada da grande massa de nordestinos a São Paulo foi imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento paulista em todas as esferas, mas principalmente na parte econômica. Supriam vagas abertas pelas novas empresas, sendo empregados principalmente nos serviços de base, que preparavam as estruturas para a instalação das novas indústrias.

Tabela 1

Brasil, Imigrantes Interestaduais, 1965-2000. PERÍODOS

1965/70 1975/80 1986/91 1995/2000 REGIÃO OU ESTADO ABSOLUTO % ABSOLUTO % ABSOLUTO % ABSOLUTO %

NORTE 98.228 3,37 454.447 9,49 554.085 11,03 562.644 10,71 NE. SETENTRIONAL 91.447 3,14 133.891 2,80 177.262 3,53 191.948 3,65 NE. CENTRAL 188.390 6,46 401.935 8,40 519.357 10,34 570.475 10,86 NE. MERIDIONAL 108.456 3,72 223.400 4,67 242.794 4,83 305.906 5,82 INAS GERAIS 100.372 3,44 336.177 7,02 372.685 7,42 450.452 8,57 ESPÍRITO SANTO 48.450 1,66 103.537 2,16 135.438 2,70 130.094 2,48 RIO DE JANEIRO 418.343 14,35 394.489 8,24 254.775 5,07 323.087 6,15 SÃO PAULO 713.326 24,47 1.562.494 32,64 1.396.938 27,80 1.242.972 23,65 PARANÁ 366.239 15,56 207.792 4,34 271.667 5,41 299.946 5,71 EXTREMO SUL 89.446 3,07 206.360 4,31 285.513 5,68 315.130 6,00 CENTRO-OESTE 309.665 10,62 201.263 10,47 619.277 12,32 645.148 12,28 DISTRITO FEDERAL 383.256 13,14 260.887 5,45 195.393 6,89 216.863 4,13 TOTAL 2.915.617 100,0 4.786.671 100,00 5.025.184 100,00 5.254.665 100,00

Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000Apud Brito et al.(2004)

Um dos principais motivos que explicam a migração como fenômeno de gigantescas

proporções, são os desequilíbrios regionais (políticos e econômicos), Matos (1992) cita alguns outros fatores que tiveram participação neste processo. Afirma que, crises na economia exportadora, secas periódicas e o alto crescimento populacional contribuíram decisivamente para o processo. Além destes, a expropriação de terras também teve seu papel, conforme Silva (1999), essa expropriação teve respaldo a partir “dos planos de modernização edificados durante os anos 1960 e 1970, pelos governos da ditadura militar” (p. 39). Sendo um fato legal, aos grandes proprietários e donos do capital não foi necessária a utilização de violência expressa, mas sim, ainda segundo a autora, “da violência escondida e legal, ou seja, da violência monopolizada pelo Estado, com a promulgação de leis que implementaram os projetos de modernização.”. (idem, p.27)

A expropriação das terras dos pequenos agricultores culminou com o fim do meio de subsistência de que detinham, ficando assim impossibilitados de sobreviver da própria terra. Levando em consideração que estes locais mostram pouco ou nenhum desenvolvimento quanto à indústria e o comércio, fica assim a população impossibilitada de sobreviver por outros meios que não o da agricultura, modo de sobrevivência tradicional, mas que agora já não dá mais suporte para tal fato. Essa “violência legal” não é aquela citada no código penal brasileiro, passível de punição, mas sim um tipo de pressão, de assédio para que o pequeno produtor venda sua terra, a preços mais baixos que o de mercado. “O medo de ficar sem as terras fez com que os camponeses as ‘vendessem’, a qualquer preço, aos compradores paulistas[...]” (ibidem, p. 46).

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Dessa forma, a população dessas áreas estão carentes por ajuda, mas não como muitas que já foram implantadas; assistencialista como a doação de alimentos, que contribui especificamente para a subsistência temporária da população. As políticas devem focar o desenvolvimento regional, com o apoio para os pequenos agricultores, incentivos para as comunidades visando o trabalho e mesmo intenções voltadas para a redistribuição das terras improdutivas, que não são poucas na região nordestina. Em todas as partes do país a questão da seca nordestina, e da miséria do seu povo é constantemente explorada pela mídia, sendo que a seca é que recebe a culpa pelas grandes dificuldades enfrentadas no cotidiano dos nordestinos, quando na verdade a responsabilidade pelas condições dessa população está na falta de assistência, não para combater o clima, mas para aprender a produzir, a estocar água nos períodos chuvosos, enfim, viver em harmonia com ele.

Com tantos problemas, para boa parte da população desses locais sobra apenas uma opção para a sobrevivência: migrar. Uma migração forçada, por fatores alheios as suas vontades. Portanto, não havendo outra solução, ou pela rede de relações já construídas, a população busca na migração seu sustento, o dinheiro extra para ajudar nos meses sem qualquer renda. É neste contexto que aparece o migrante sazonal, que busca trabalho fora para manter-se nos meses de seca.

Migração sazonal é aquela em que o migrante busca trabalho em outra área que não seja a de sua residência normal, sendo que de modo geral os canaviais e os laranjais do estado de São Paulo são os grandes destinos dessa mão-de-obra temporária, contratada para o período de safra. Terminado este tempo, os migrantes retornam para suas regiões de origem, voltando a sua vida costumeira. “O tempo, agora, é compreendido pelo tempo da migração forçada, especialmente a temporária, mediante a permanência nas fazendas de usinas durante quase 9 meses ao ano.”(SILVA, 1999, p.58)

Essas migrações forçadas nas quais os nordestinos se inserem não refletem apenas na vida econômica, mas influenciam, inclusive, na cultura, pois desde pequenos já sabem que quando chegarem na idade certa, também terão de migrar.

Assim, desde muito pequenas, as crianças aprendem o verdadeiro significado de São Paulo, isto é, qualquer lugar deste estado, o lugar de destino de seus pais e parentes, mas também o lugar de onde voltam para suas terras, e ficam sabendo que, quando inteirarem a idade, seguirão a mesma rota. (SILVA, 2001, p.01)

A idade propensa à saída dos locais de origem é quando se tornam adultos, época em

que a responsabilidade pesa e com ela a necessidade de angariar renda para o próprio sustento. Segundo Cavalcanti (2000), a migração é mais comum nas idades de entrada e saída da faixa economicamente ativa, nas idades de se casar, e quando o casal gera filhos, épocas essas em que a busca por melhores condições de vida “afloram” nas pessoas. Além disso, migrar significa cortar a raiz com os pais, sinônimo de independência e de mudança de vida para os jovens. (CAVALCANTI, 2000, p.15)

Entre idas e vindas, um pouco da cultura modificada, novos costumes, novas palavras e acima de tudo um modo pouco diferente de viver, e de construir práticas espaciais, fazem com que essas pessoas, ano a ano, incorporem novos valores e tentem mudar seus padrões de trabalho e de vida. Ao conhecerem as diferenças dos locais aos quais vivem, elaboram pensamentos onde a vontade de mudar, de sair do comum, da vida de miséria e de dependência à qual são vítimas cresce, deixando-os insatisfeitos com a realidade cotidiana. Neste período de tempo fora de seus

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locais de origem experimentam emoções, sensações, lugares, compras, enfim, um tipo de vida diferente daquela que estão acostumados.

[...]em decorrência da miséria no campo, a mudança para a cidade e o desemprego em atividades urbanas, mesmo em se tratando de atividades não qualificadas, significam ascensão para o migrante. (CAVALCANTI, 2000, p.09)

São essas sensações, experiências que pouco a pouco vão dilapidando e mudando a

forma de pensar e agir. “Depois de um tempo na cidade, os jovens que voltam não conseguem mais adaptar-se ao trabalho tradicional” (Cavalcanti, 2000, p.15) Essa dificuldade de adaptação ocorre pois

[...] o migrante, quando bem sucedido nas lavouras de cana do interior paulista, recebe um novo status, uma diferenciação social e cultural. Destaca-se em seu mundo tradicional quando se apropria do moderno a partir de bens simbólicos e materiais. (VETTORASSI, 2003, p.02)

Esses bens simbólicos aos quais a autora cita são objetos como boné, óculos de sol e

celular, “bens materiais típicos do modo de vida paulista e, portanto, do ‘moderno’”. (VETTORASSI, 2003, p.02) Em contrapartida, nem tudo que é do “moderno” é assimilado pelos migrantes, que mantém vivo diversos pontos da cultura tradicional da terra natal, pois “parecer moderno, mais do que ser moderno. A modernidade se apresenta, assim, como a máscara para ser vista. Está mais no âmbito do ser visto do que no viver”. (MARTINS, 2000, p.39 apud VETTORASSI, 2003, p.04)

Nesse sentido, forma-se a aparência do migrante bem sucedido, daquele que foi em busca de melhora de vida, e conquistou seu espaço num dos lugares mais desenvolvidos do país. O status e muitas vezes a ilusão de uma evolução na qualidade de vida faz com que os migrantes enfrentem as dificuldades de migrar, e de viver em um local, mantendo seu coração em outro. Dessa forma não são parte integrante nem de um (terra natal), nem de outro (local de trabalho). (SILVA, 2001) Bem ou mal sucedido, o migrante quando retorna geralmente não tem oportunidades diferentes, não podem fugir do comum, ficando à mercê dos problemas estruturais aos quais estão intrinsecamente ligados.

Um dos pólos de atração desses migrantes sazonais no estado de São Paulo é a cidade de Santa Bárbara d’Oeste, tradicionalmente conhecida pela monocultura de cana-de-açúcar em larga escala em sua área rural, e que anualmente utiliza-se da mão-de-obra dos migrantes sazonais para a colheita da lavoura, provindos em sua grande maioria da região nordestina. O município barbarense, com uma população de 186.3082 pessoas, distribuídas em uma área de 271 Km², sempre teve papel importante na produção de cana-de-açúcar, sendo este o principal produto cultivado nas terras do município. Santa Bárbara d’Oeste: Pólo de atração de migrantes sazonais

A região onde Santa Bárbara d’Oeste está fixada passou por um processo denominado ciclo do açúcar paulista, onde a partir do aumento da demanda na Europa concomitantemente à

2 Projeção feita pelo Seade, para o ano de 2008.

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desorganização da produção nas colônias francesas, “criaram as circunstâncias externas favoráveis à exportação, [sendo que] no começo do século XIX, a produção e exportação do açúcar já era a mais importante atividade econômica paulista.” (SEMEGHINI, 1991, p.15)

A “alavanca fundamental” para a criação do município foi a abertura de uma estrada de terra que ligava a freguesia de Santo Antônio de Piracicaba à Vila de São Carlos de Campinas, em 1810. Esta foi criada com o intuito de facilitar o transporte de açúcar entre Piracicaba e Campinas, fato que propiciou maior interesse nas terras cortadas pela estrada, e assim atraiu sesmeiros, inclusive a fundadora do município3.

Santa Bárbara d’Oeste, seguindo a tendência da região da qual participa, cresceu e se desenvolveu de 1818 até os dias atuais. Esse fato ocorreu principalmente devido o município se localizar

no mais importante pólo econômico-populacional do interior do estado de São Paulo[..., sendo que] registrou nas últimas décadas a entrada de expressivos contingentes populacionais, tanto provenientes de outros estados brasileiros quanto, e principalmente, do próprio estado de São Paulo. (BAENINGER; MAIA, p. 01)

O expressivo crescimento populacional pode ser observado a partir da década de 1970,

época que o Brasil como um todo começa a sofrer significativas mudanças estruturais para a industrialização, fato que São Paulo, tanto capital quanto interior, se sobressaiu perante as outras regiões do país. “No estado, entre 1956 e 1980, enquanto o número de estabelecimentos industriais mais do que dobra, a força de trabalho multiplica-se por três”. (SEMEGHINI, 1991, p.133) Ainda segundo Semeghini, o Valor Total de Investimento (VTI) nacional, atingiu em 1950, 49%, em 1960 55%, e em 1970 58% do montante total dirigido para o estado paulista. Desta forma, acabou por se tornar um pólo de novas indústrias, que acompanharam investimentos em infra-estrutura, como as rodovias4, por exemplo.

No caso específico do município barbarense, as taxas acompanharam as tendências. Foi a época de intenso crescimento populacional e instalação das novas indústrias. O que possibilitou esse incremento positivo foi a desconcentração relativa da atividade industrial que ocorria na Região Metropolitana de São Paulo, o que propiciou um acelerado desenvolvimento econômico e populacional em direção a Campinas. (BAENINGER, 1992, p.07)

O crescimento da população de Santa Bárbara d’Oeste a partir da década de 1970 esteve entre os maiores dentre os municípios da região de Campinas. Segundo Baeninger(1992), em 1970 o município contava com 31.018 pessoas, passando para 76.621 em 1980.

No ano de 1980, Santa Bárbara d’Oeste, atingiu um nível de crescimento populacional expressivo5, fato que propiciou ao município chegar em 1990 com a marca de 135.962 pessoas. O saldo migratório altamente positivo foi e continua sendo uma característica da região de Campinas. Diversos fatores contribuíram e ainda contribuem para que exista um pólo de atração de pessoas, entre as quais por ser hoje o principal pólo de instalação de empresas de tecnologia de ponta do país. Esse beneficiamento ocorrido se deu pelas características gerais da infra-estrutura presente, pois além das rodovias, ferrovias, mão-de-obra abundante e qualificada, 3 CRIVELLARI, José Maria. Santa Bárbara d’Oeste – Edição Histórica. Santa Bárbara d’Oeste, Editora Focus, 1971 5 A taxa de crescimento entre as décadas de 1970 e 1980 ficou em 9,46% ao ano, menor apenas do que a de Sumaré (16,01%) e Nova Odessa(10,14%). (BAENINGER, 1992, p.11)

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centros de pesquisas renomados formam a base regional: são características essas que possibilitam acesso fácil ao grande mercado consumidor de todo estado de São Paulo e o escoamento de mercadorias inclusive para exportação.

Mapa 1

Evolução da Área Urbanizada de Santa Bárbara d’Oeste

Todos esses fatores fizeram com que se formasse uma região altamente industrializada e relativamente populosa, observando-se inclusive o “nascimento” de conurbações entre boa parte dos municípios. Existia então uma metrópole (Campinas), e seus vizinhos com níveis expressivos de industrialização e urbanização.

Com o desenvolvimento regional se sobressaindo perante as outras regiões do estado, mostrou-se necessário a formação de uma região político-administrativa em comum. Formou-se assim a Região Metropolitana de Campinas (RMC), criada no ano de 2000, e que agrega os principais municípios que mais se destacam no plano econômico no entorno do município de Campinas, tendo este como metrópole regional.

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A Região Metropolitana de Campinas6 (RMC) tem uma posição de destaque no cenário nacional, sendo uma das regiões metropolitanas com maior diversificação na produção industrial, principalmente em setores dinâmicos e de alto input científico/tecnológico. A mão-de-obra qualificada atende a demanda das grandes empresas de alta tecnologia, ficando praticamente independente da capital em todos os setores necessários ao pleno funcionamento da empresa.

Mapa 2

A RMC conta com uma população de aproximadamente 2.338.148 habitantes, sendo

formada por 19 municípios7, dentre os quais Santa Bárbara d’Oeste se destaca, juntamente a Paulínia, Sumaré, Americana e Campinas, principalmente no setor econômico: industrial e agrícola.

No setor agrícola, o município barbarense está entre os que mais se destaca, pela sua relevante produção de cana-de-açúcar. No ano de 2006, a produção nacional do produto foi de 457.245.516 toneladas de cana, sendo que destes o estado de São Paulo foi responsável por 69,89% do total, com 269.134.237 toneladas. Santa Bárbara d’Oeste, que neste ano produziu 960.000 toneladas, respondeu por 0,20% da produção nacional, e por 0,35% da produção

6 As informações referentes à Região Metropolitana de Campinas foram retiradas do site da Agência Metropolitana de Campinas (AGEMCAMP). Disponível em: <www.agemcamp.sp.gov.br>. Acesso em: 02/07/2007. 7 Americana, Arthur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

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estadual de cana-de-açúcar. Portanto, a cultura de cana-de-açúcar tem grande relevância na economia do município barbarense.

A produção de cana-de-açúcar tem uma importância histórica no município, mantendo-se à décadas como o produto que mais ocupa as áreas agricultáveis do município. Neste sentido, a análise dos prós e dos contras da cana-de-açúcar nas terras barbarenses mostra-se importante, pois o grande predomínio de uma monocultura pode ser fato de desenvolvimento no setor agrícola ou mesmo atraso para o desenvolvimento do município como um todo. Isto porque enquanto o produto estiver em alta, o município prospera. Se ocorrer uma queda do valor deste produto, o município certamente passa por grave crise, culminando com o fechamento de empresas e o desemprego em grande escala.

Tabela 2 Ranking de municípios produtores do

estado de São Paulo (ton) 2006

Tabela 3 Ranking de municípios produtores do

Brasil (ton) 2006 1 Morro Agudo - SP 7.835.267 1 Morro Agudo - SP 7.835.2672 Jaboticabal - SP 3.600.000 2 Campos dos Goytacazes - RJ 3.815.1453 Paraguaçu Paulista - SP 3.500.000 3 Jaboticabal - SP 3.600.0004 Batatais - SP 3.272.500 4 Paraguaçu Paulista - SP 3.500.0005 Barretos - SP 3.270.300 5 Batatais - SP 3.272.5006 Piracicaba - SP 3.200.000 6 Barretos - SP 3.270.300

Olímpia - SP 3.150.000 7 Piracicaba - SP 3.200.0007 Valparaíso - SP 3.150.000 Olímpia - SP 3.150.000

9 Jaú - SP 2.962.5008

Valparaíso - SP 3.150.00099 Santa Bárbara d'Oeste - SP 960.000 140 Santa Bárbara d'Oeste - SP 960.000

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal Fonte: IBGE - Produção Agrícola MunicipalOrganização: Ednelson Mariano Dota Organização: Ednelson Mariano Dota

A cana-de-açúcar teve diversos momentos desde a sua implantação no Brasil até os dias

atuais. Começou como um dos principais produtos exportados na época do Brasil colonial, com produção em larga escala na zona da mata nordestina, utilizando-se do rico solo massapê. Posterior a zona da mata nordestina, a produção de cana encontrou espaço no estado do Rio de Janeiro e logo depois no estado de São Paulo, encontrando no solo fértil terra roxa todas as condições para seu pleno desenvolvimento.

Até esse momento praticamente toda a produção de cana-de-açúcar era voltada para o abastecimento dos mercados internos e externos de açúcar e destilados. Mas foi no ano de 1975, com o surgimento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool)8, que a cana-de-açúcar novamente ganhou espaço. Teve a partir deste programa bases de sustentação para o aumento da produção e mercado consumidor garantido.

Da época de sua implatação até o ano 2000, o proálcool viveu certo equilíbrio, não conseguindo manter o crescimento expressivo observado até o ano de 1985. Após o ano de 2000, com o aumento exacerbado do preço do barril de petróleo no mercado internacional, ocorrido

8 O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado em 14 de junho de 1975, através do decreto de nº 76.593, tendo como objetivo estimular a produção de álcool para o setor de combustíveis automotivos. Fonte: <www.biocombustivel.br> . Acesso em: 19/07/2007, 14:20.

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como reação pela guerra do Iraque, os combustíveis alternativos novamente ganharam destaque e foi lançado, em março de 2003, os motores flex fluel9, que dominaram as vendas a partir desta data, e alavancaram novamente a venda do álcool combustível no Brasil.

Todo o movimento observado em nível internacional com relação aos biocombustíveis, apontados como uma das soluções para os problemas ambientais ao redor do globo, têm incentivado o aumento da produção do álcool combustível, e conseqüentemente o aumento das áreas ocupadas pela cana-de-açúcar. Segundo estimativa do IEA (Instituto de Economia Agrícola), a previsão para a safra 2007 é 12,2% superior à 2006, chegando a atingir uma área de 4,8 milhões de hectares ocupados10.

O país se mostra hoje como o maior centro mundial de produção de cana-de-açúcar, tendo diversas frentes, centros de pesquisas particulares, de universidades e institutos voltados para o desenvolvimento de novas técnicas e produtos derivados da cana. Dentre esses produtos, o que leva maior destaque é o álcool combustível, que no dia 07 de maio de 2004 estreou como commodity no mercado internacional. As commodities tem por objetivo controlar os preços e garantir o abastecimento do mercado mundial, funcionando como um mecanismo regulador, assim como acontece com outros produtos, como o açúcar, o café e o petróleo, que também são commodities. Migrantes: perspectivas e expectativas

Na imensa área ocupada pela cana-de-açúcar em Santa Bárbara d’Oeste, estima-se que

a mecanização seja responsável por aproximadamente 35% da colheita11. Quem responde pelos outros 65% da colheita são os trabalhadores rurais, popularmente conhecidos como bóias-frias. Segundo Puschinelli (2007), a mecanização é pouco presente no município, pois a maior parte dos canaviais estão nas mãos dos pequenos proprietários, sem condições de investir na mecanização.

As máquinas que colhem estão nas áreas de plantio das próprias usinas, que de qualquer forma dependem da mão-de-obra migrante para as áreas de maior declividade, local em que as máquinas não alcançam.

As constantes denúncias por maus-tratos, acaboram por intensificar a fiscalização por parte do ministério público, que realizou parcerias para viabilizar a melhoria da qualidade de vida. Uma dessas parcerias, realizada com a Vigilância Sanitária prioriza a visita aos alojamentos, analisando as condições dos prédios, e a infra-estrutura. “A vida por aqui melhorou muito nesses 9 anos que venho pra cá” relatou João Francelino Bezerra12, 35 anos. Dentre os benefícios conquistados nos últimos anos, além da melhora dos alojamentos, está a obrigatoriedade de receber as refeições fornecidas por terceiros.

Os fiscais da VISA (Vigilância Sanitária) seguem algumas normas que ditam as características dos alojamentos (NR 24), aquelas sobre os riscos no ambiente de trabalho (NR 9), e a que trata da saúde dos trabalhadores rurais, antes e durante o trabalho na usina (NR 7). 9 Segundo estimativas da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em 2013 o número de veículos Flex Fluel deve chegar a 15 milhões, representando 52% dos veículos em circulação no Brasil. Disponível em: <www.anfavea.com.br> Acesso em: 26/10/2007, 15:02. 10 Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/OUT/verTexto.php?codTexto=9039. Acesso em 17/09/2007. 11 Segundo Jesuína Puschinelli Carneiro, Engenheira Agrônoma da Casa da Agricultura de Santa Bárbara d’Oeste, em entrevista realizada no dia 11/09/2007. 12 Foram entrevistados 11 trabalhadores rurais nordestinos estabelecidos em Santa Bárbara d’Oeste nos dias 11 e 12 de agosto de 2007.

11

Mostrando preocupação com a melhora das condições dos trabalhadores, a VISAT (Vigilância em Saúde do Trabalhador) lançou o curso Capacitação em Vigilância em Saúde do Trabalhador do Setor canavieiro, o qual tem por objetivo “Capacitar as equipes de vigilância em saúde para o desenvolvimento de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) do Setor Canavieiro dos municípios-sede de usinas/destilarias, lavouras de cana-de-açúcar e habitações coletivas das respectivas Regiões de Saúde”13.

Mapa 3

Alojamentos de migrantes cadastrados na VISA

A VISA de Santa Bárbara d’Oeste mantém um cadastro atualizado dos alojamentos

existentes dentro dos limites municipais, os quais são utilizados para visitas de inspeção. Segundo Eliane Franco Wiesel Salvador14, Coordenadora Técnica da VISA, “não são todos os alojamentos que estão cadastrados, pois para isso o responsável pelo alojamento deve ter firma aberta”. Salienta também que “aqueles que se cadastram é porque estão cientes de suas responsabilidades, [...] se não fossem cumprir com os deveres, certamente não cadastrariam seus alojamentos.”

13 “Eliminar, minimizar e/ou controlar os riscos à saúde do trabalhador do setor canavieiro paulista” é o objetivo-geral do curso. Informações disponíveis em: <www.cvs.saude.sp.gov.br> Acesso em: 17/08/2007. 14 Entrevista realizada em 14/08/2007, com a Coordenadora Técnica e com o Fiscal Sanitário Vitor Rodrigues Junior.

12

Segundo esse cadastro da VISA, o município conta hoje com 11 alojamentos cadastrados, abrangendo um total de 378 trabalhadores rurais. Esses alojamentos estão espalhados por todo o município, sendo que se observa uma pequena concentração na zona leste, área em que os valores de aluguéis são considerados médios15.

Os trabalhadores rurais cortadores de cana estabelecidos em Santa Bárbara d’Oeste são na sua maioria migrantes sazonais, ou seja, aqueles que se estabelecem no município por certo período de tempo. Este tempo constitui-se como sendo a época de colheita, que se inicia em maio, e tem seu término no mês de novembro. Estes trabalhadores migrantes são maciçamente de origem nordestina, e buscam o campo barbarense como saída para os meses em que não conseguem produzir no Nordeste.

Dentre os trabalhadores, existe uma considerável amplitude de idades, sendo que observa-se pessoas desde os 18 até os 51 anos de idade. Segundo informações dos próprios trabalhadores, a idade limite comum é por volta dos 45 anos de idade, pois “o serviço é muito pesado, e depois dos 40 a gente começa arriá”, afirma Cícero Alves de Souza, 39 anos. No dia da visita ao alojamento, Cícero apresentava luxação no ombro esquerdo, com o qual manuseia o facão, e por isso estava há 4 dias sem trabalhar. “O turmeiro disse que eu tô recebendo, vamos ver”, salienta, com certo receio quanto ao pagamento dos dias em que estava parado.

“Se chovesse mais lá, eu nunca viria pra cá. É muito difícil ficar longe da esposa, da família. O que ajuda um pouco agora é que esse ano meus dois moleques também vieram, mas também deixaram as mulheres lá.” (João Francelino Bezerra, 35 anos)16

O trabalho nas lavouras paulistas se mostra como necessário para esta população, mas

não pela simples e pura busca pela sobrevivência. Nos depoimentos colhidos fica claro que o objetivo fundamental dessa jornada de trabalho é a conquista/manutenção de certo poder aquisitivo, que cria condições para aquisição de determinados objetos que em situações de vida normal se tornam improváveis no Nordeste. Santos, cita que

[...]as migrações brasileiras, vistas pelo ângulo da sua causa, são verdadeiras migrações forçadas, [...] migrações ligadas ao consumo e à inacessibilidade a bens e serviços essenciais. (SANTOS, 1988, p. 44)

Esses objetos, segundo os trabalhadores são imóveis, carros, motos, aparelhos

eletrodomésticos, que acabam por compensar todas as dificuldades de se viver metade do ano longe de casa.

“se não for assim nós não temos nada, só faz pra comer, e mesmo assim com muita dificuldade, porque lá no inverno só tem chovido 3 mês, então você planta, colhe e depois vive com o que conseguiu [...]” (João Francelino Bezerra, 35 anos)

15 A maior parte dos alojamentos estão no Bairro Planalto do Sol, cujo preço médio do aluguel de uma casa com 5 cômodos e 1 banheiro é de R$ 400,00. Nos bairros mais carentes, como Parque Zabani e o Jardim Nova conquista, residências nessas mesmas condições custam por volta de R$ 300,00. Outros bairros, como Cidade Nova e Jardim Pérola, mais estruturados, o preço do aluguel sairia por volta de R$ 500,00 a R$ 600,00 mensais. 16 Para melhor caracterização das entrevistas, as transcrições são feitas conforme a fala dos entrevistados, mantendo inclusive erros de português.

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“no campo a gente consegue plantar milho, que é mais rápido, mas alguns também produzem arroz, feijão. Os que tem um pedacinho de terra também tem algumas cabeças de gado.” (Cícero Alves de Souza, 39 anos) Tão importante quanto o trabalho para o migrante, é o migrante para os usineiros.

Enquanto existir o corte manual de cana, a relação migrante/cana continuará sendo indissociável, pois

“O interesse do capitalista e do operário é, portanto, o mesmo[...].E de facto! O operário soçobra se o capital não o emprega. O capital soçobra se não explora a força de trabalho, e para a explorar tem de a comprar” (MARX, 1849)

Mas o que ocorre na verdade, é a complementação: o migrante necessita do trabalho, e

o usineiro da mão-de-obra barata que o migrante tem a oferecer. A lei da oferta e da procura, tão utilizada quando o assunto é o consumo e as questões do mercado capitalista, é facilmente adaptada aos canaviais. Existe uma grande quantidade de pessoas no Nordeste interessadas no trabalho oferecido pelas usinas, maior do que a procura, ou seja, o número de vagas que a usina tem a oferecer. Isso provoca uma desvalorização do preço do trabalho do migrante: salários baixos para os trabalhadores, lucros altos para os usineiros.

“a maior parte quer vir, só que os mais animados sempre são os mais jovens, querem ganhar pra comprar, pra ter as coisas” (Francisco Bezerra da Silva, 31 anos) Segundo relato dos trabalhadores, o número de pessoas interessadas em trabalhar nos

canaviais é grande, superando o número de oportunidades. Os mais jovens, em busca do novo, ansiosos por novas e diferentes oportunidades, fora do campo nordestino, são os que mais buscam esse tipo de vaga.

Não há vaga para todos, desta forma cria-se uma seleção. Esta não ocorre de modo formal, tal qual as empresas realizam: priorizam algumas características que nem sempre são levadas em consideração quando uma empresa é o agente empregador. O bom comportamento nas atitudes diárias e o prévio conhecimento do selecionador é o que conta no momento de ser selecionado. Tudo é levado em consideração para que não haja problemas entre os trabalhadores, e que os selecionados cumpram as obrigações, e compensem o investimento prévio com transporte, que é feito pelas usinas.

“a pessoa responsável pela seleção sempre avisa como é aqui; deixa bem claro que o trabalho é duro, pesado, cansativo e que não tem muito descanso. O que não pode acontecer é a pessoa chega e não querer trabalhar, né?” (Francisco Bezerra da Silva, 31 anos) “pra este alojamento (26 pessoas) eu é que escolho as pessoas. Tento ajudar a família e os conhecidos, então trago meu moleques, os vizinhos. Não adianta eu querer ganhar sozinho, a gente tem que dividir o pão, não é mesmo? [...] mas pra selecionar não ganho nada não, e faço isso porque já tenho mais experiência. Aqueles que ficam

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bagunçando, os que não gosta de trabalhar a gente não traz, porque aqui não vai render, só vai atrapalhar. (João Francelino Bezerra, 35 anos) O trabalho nos canaviais paulistas é apontado como solução financeira para as famílias

nordestinas, sendo que o fato de conseguir este trabalho significa melhora nas condições de vida dessas pessoas. Isso ocorre pela insuficiência da estrutura produtiva do Nordeste, que não dá condições para sua população manter um nível de vida satisfatório, em que possam consumir produtos além dos alimentos necessários à subsistência.

Essa insuficiência da estrutura produtiva do Nordeste fica clara quando analisamos que “em 2004, nada menos que 56,7% da população do Nordeste era considerada pobre (26,6 milhões de pessoas)” (IPEA, 2006)17. Além de ter o maior número de pessoas consideradas pobres do Brasil, a região, que sofre com grandes disparidades sócio-econômicas, também se destaca no quesito de possuir “oito dos dez estados brasileiros com menor rendimento domiciliar per-capita médio, [...sendo eles] Alagoas, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte”. (IPEA, 2006)

Deste modo, a região nordestina fica marginalizada perante as outras: menos condições de vida para a população, menor poder de compra e de consumo, que por final acaba por forçar essa população às migrações.

Tabela 4

Despesa média mensal familiar BRASIL 1465,31CENTRO-OESTE 1433,61NORDESTE 978,58NORTE 1115,93SUDESTE 1757,15SUL 1564,85

Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003

Tabela 5

Proporção da população em situação de pobreza 2001 2002 2003 2004 BRASIL 33,3 33,0 33,9 30,1 CENTRO-OESTE 28,4 27,7 29,2 23,3 NORDESTE 57,2 57,1 58,2 53,7 NORTE 40,8 42,7 43,9 36,9 SUDESTE 21,4 21,1 22,2 19,3 SUL 21,4 20,1 19,8 16,9

IPEA 2006 A migração sazonal começa com a seleção dos trabalhadores. A viagem, que dura

alguns dias é feita em ônibus fretado pelas usinas, levando os trabalhadores até Santa Bárbara

17 IPEA, Radar Social – 2006: Condições de vida no Brasil. Brasília, 2006

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d’Oeste, cintes da distância da família e prontos a realizar o trabalho nas lavouras paulistas. Cada trabalhador, responsável pela seleção dos trabalhadores no Nordeste, monta uma turma, que quando em Santa Bárbara d’Oeste ocuparão o mesmo alojamento. Estes alojamentos podem ser na área rural, como os que estão registrados no nome da usina Cosan com 144 trabalhadores, e o alojamento da usina Furlan, com 75 trabalhadores.

Além destes 2 alojamentos, estão cadastrados na VISA do município outras 9 residências coletivas (alojamentos dentro da área urbana), que juntas somam outros 179 trabalhadores. Quanto às condições destes alojamentos, pode-se verificar que em 2005 e 2006, não houveram registros de reclamações, fato diferente dos anos anteriores.

Foto 1 Residência Coletiva Planalto do Sol

Foto 2 Residência Coletiva Jardim Esmewralda

Foto: Ednelson Mariano Dota Foto: Ednelson Mariano Dota

Foto 3 Residência Coletiva Jardim Vila Rica

Foto 4 Ônibus rural

Foto: Ednelson Mariano Dota Foto: Ednelson Mariano Dota

A partir de buscas realizadas nos jornais que cobrem o município, foram encontradas

diversas reportagens sobre os migrantes alojados no município, dentre as quais aquelas que citam

16

as condições inapropriadas dos alojamentos. Dentre as reportagens que cita maus-tratos aos trabalhadores, duas são do ano de 2002, uma de 2003 e mais duas de 2004. Após esse período, a imprensa escrita que cobre Santa Bárbara d’Oeste não registrou nenhum fato novo, principalmente pela intensificação da fiscalização por parte do ministério do trabalho, a partir da VISA.

Segundo a VISA18 de Santa Bárbara d’Oeste, após o início das inspeções nos alojamentos, observou-se melhora progressiva nas condições oferecidas aos trabalhadores. Essas melhoras, obtidas a partir de inspeções regulares, foram obtidas em todos os âmbitos da vida dos migrantes em terras barbarenses, não só no caso dos alojamentos, mas na alimentação, que obrigatoriamente deve ser servida por terceiros, e nas próprias condições de trabalho, onde todos são registrados como funcionários das usinas.

O transporte dos trabalhadores dos alojamentos para a roça é feito através dos ônibus rurais, notadamente em más condições. Estes ônibus são de propriedade do empreiteiro responsável pelos alojamentos dos trabalhadores, e pelo transporte diário dos mesmos até o canavial. Há registros jornalísticos de acidentes ocorridos devido à precariedade dos meios de transporte dos trabalhadores. A precariedade dos veículos não recebe importância por parte dos empreiteiros, pois “o Brasil, é o único país onde existe preconceito com trabalho do campo, com os trabalhadores rurais. Não se dá a importância merecida a esses trabalhadores”19, e por isso, independente da situação, chegar ao trabalho, e depois retornar ao alojamento é o que importa para estas pessoas.

Quando da vinda dos migrantes para Santa Bárbara d’Oeste, pouco trazem de objetos, sendo que apenas as roupas para o dia-a-dia e o garrafão de água acompanham essas pessoas até as terras paulistas. Além disso, por aqui pouco se compra, sendo que de modo geral as guloseimas são as preferidas.

“a gente procura não gastar muito aqui. A maioria aqui é casada, então deposita no banco pra mulher se manter por lá. Do dinheiro que pega, metade fica aqui mesmo, porque tem que pagar a cantina20, água e força da casa, segurar um dinheirinho pra comprar umas bolachas, tomar uma cervejinha, comprar cartão pra ligar pra esposa, e o resto guarda.” (Elton Moraes de Souza, 26 anos) Além da preocupação com a família que permaneceu no Nordeste, alia-se a questão do

custo de vida, que segundo os trabalhadores, são bem diferentes nas duas regiões. “o preço das coisas aqui é muito alto, por isso a gente só gasto o necessário. Esses dias fui no mercado com o empreiteiro nosso, fazer umas compras pra ele levar pra turma que manda nossa comida. Ele falou pra eu pegar o que achava que daria pra 1 mês, então peguei 20 sacos de arroz, bastante feijão, as carnes e hora que passou no caixa, deu 480 reais. Todo esse dinheiro pra pouca coisa, porque lá no Nordeste, com 400 reais você vai no armazém e manda vir uma caminhonete carregada de coisas, que

18 Entrevista realizada no dia 03/11/2007, com Eliane Wiesel Salvador, Coordenadora Técnica, há 08 anos no cargo, e Vitor Rodrigues Junior, Fiscal Sanitário, há 04 anos no cargo. 19 Jesuína Puschinelli Carneiro. 20 Cantina é como se referem à cobrança feita pelos empreiteiros, no valor de R$ 220,00 mensais, para custeio de alimentação e o transporte até a lavoura. Os custos com a água e energia consumidos nas casas também são pagas pelos trabalhadores.

17

dá pra você passar com a sua família vários meses.” (João Francelino Bezerra, 35 anos) A questão do custo de vida diferenciado entre Santa Bárbara d’Oeste e o nordeste,

especificamente na área onde residem, é um fator que chama atenção entre os trabalhadores. Enquanto João Francelino citava essa experiência, outro trabalhador rural do mesmo alojamento aproximou-se e fez uma comparação interessante, da própria experiência adquirida no município. Ele, casado há 15 anos no Nordeste, pai de 2 filhos, acabou por conhecer uma mulher em Santa Bárbara d’Oeste, e estava morando com a mesma em uma residência em separado, próximo ao alojamento dos amigos.

“lá, com 500 reais por mês, você vive tranqüilo, pagando ainda o aluguel. Uma casinha boa custa 50 reais por mês, a água a gente não paga, então só tem que pagar a força. Aqui a coisa é bem diferente: pra sustentar uma família aqui, tem que ganhar uns 1000 reais, porque o aluguel é caro, tem que pagar água, força e ainda fazer compra. Só to morando com a Maria porque não gasto com comida, e pago metade do aluguel” (Guilherme Castro dos Santos, 37 anos) As carências e saudades do Nordeste explicam determinadas compras realizadas no

município, especialmente as que provocam influências na feira-livre central, ocorrida nas manhãs de domingo, na área central do município. Essa feira é tradicional, recebendo inclusive visitantes de outros municípios como Americana e Capivari. Teve início nos anos 60, mas a partir de 2004, observou-se o início de um fato interessante, tendo como agente causador os migrantes sazonais. Dentre as mais de 70 barracas presentes na feira, 3 comercializam produtos de origem ilícitas, como CDs e DVDs “piratas”. Essas barracas tocam seus CDs desde o início da manhã, e, através de observação a campo, pôde-se constatar que, das 4 horas na qual foram reproduzidas músicas, aproximadamente 3 horas foram especificamente para Forró, tipo de música originariamente nordestina.

“a gente toca mais forró porque os nordestinos procuram bastante, então nós testamos

os cds e colocamos o que chega de novo pra eles ouvirem” (Ronaldo Rocha Ribeiro, 19 anos)21 De modo geral, gastam mais no último mês de permanência, quando compram produtos

para presentear a parentela. Os gastos feitos em Santa Bárbara d’Oeste estão condicionados a um fator principal, que é ser casado ou solteiro. Os casados, que carregam maior responsabilidade consigo, são os que gastam menos, pois procuram depositar a maior quantia possível para a mulher e os filhos. O objetivo é poupar, para melhorar de forma geral as condições nos meses em que retornarem. Quanto aos solteiros, esses tem objetivos diferentes: sem a necessidade de enviar dinheiro para o Nordeste, ficam mais livres para gastarem seus salários, consumindo produtos muitas vezes com valor expressivo, como aparelhos de som e vídeo-games, observado nos alojamentos.

O não-trabalho dos migrantes se mostra bem caseiro, com poucos momentos de lazer, e muito repouso para agüentar a pesada vida nos canaviais. Costumam sair muito pouco, freqüentando geralmente apenas bares, para confraternizar com os amigos.

21 Entrevista realizada em 28/10/2007.

18

“a gente sai muito pouco. Como quase não conhecemos a cidade, não sabemos onde ficam os lugares bons, e onde é perigoso freqüentar.” (Elton Moraes de Souza, 26 anos) Os migrantes então acabam por construir suas interações espaciais com o lugar, isto

porque escolher os “lugares bons e ruins” são interações criadas a partir das experiências já consolidadas na origem, e que são moldadas para se adaptar à forma de vida que levam em Santa Bárbara d’Oeste. Segundo Corrêa, as práticas espaciais são “um conjunto de ações espacialmente localizadas que impactam diretamente sobre o espaço, alterando-o no todo ou em parte ou preservando-o em suas formas e interações espaciais”. (CORRÊA, 2003, p.68)

Os migrantes escolhem os locais a freqüentar, e esse processo de escolha, ou de seletividade espacial, ocorre quando alguém “decide sobre um determinado lugar segundo este apresente atributos julgados de interesse de acordo com os diversos projetos estabelecidos” (CORRÊA, 2003). Como o projeto para o tempo em solo barbarense é trabalhar e poupar capital, o lazer e conseqüentemente visitas a lugares desconhecidos que possam oferecer determinados riscos aos trabalhadores ficam em segundo plano.

O uso do território é para o migrante seu modo de vida, sendo que a constante locomoção está intrinsecamente ligada às condições de vida desta população. Santos cita que

No começo da história, o território era os dois, para todos... Ele era abrigo e era recurso. As pessoas tiravam dele a sua sobrevivência e eram também protegidas por ele. A história da humanidade é a história da dissociação dessas duas condições, que agora chegou ao ápice com a produção das chamadas redes. As redes são formadas de pontos bem tratados, bem equipados no território, facilitando a vida das grandes empresas globais. Essas grandes empresas instalam-se nesses pontos.[...] Elas tratam o território apenas como recurso, mas são muito pouco numerosas. No caso do Brasil, esse percentual é ínfimo. A maioria esmagadora, a quase totalidade das empresas tem o território como abrigo. (SANTOS, 1997, p.22)

Milton Santos trata do uso do território pelas empresas, e aqui, aplicamos sua teoria aos migrantes, que tiram sua sobrevivência no território, e que dele dependem integralmente. Guardadas as devidas proporções, os migrantes utilizam-se do território assim como as empresas, sendo que fazem isso por completo, ou seja, preenchem as duas saídas existentes.

O território como recurso é aquele que os migrantes utilizam para tirar o seu sustento caracterizando-se como as plantações de Santa Bárbara d’Oeste. É recurso pois tem o significado de trabalho, de angariar renda, que por fim é enviada para o Nordeste. Outros significados típicos da vida humana não existem nessa relação, pois suas raízes estão no Nordeste, ficando Santa Bárbara d’Oeste como o meio encontrado de suprir suas necessidades.

Mesmo sendo o modo de fuga encontrado pelos migrantes para os problemas nordestinos, Santa Bárbara d’Oeste também é abrigo para estes trabalhadores. É abrigo pois apesar do objetivo específico ser o trabalho, eles tem que se estabelecer, e dessa forma acabam por criar as interações espaciais com o lugar, como aqueles citados anteriormente. Durante o dia, horário de trabalho nos canaviais, o território é recurso, e durante a noite, quando descansam nos alojamentos, o território acaba por se tornar abrigo.

19

A reflexão sobre o cotidiano dos migrantes permitiu-nos chegar a algumas conclusões, e acabou também por criar novas e interessantes inquietações, os quais num futuro trabalho poderão ser abordadas.

O crescimento da produção canavieira nacional está em franca expansão, a partir das questões ambientais, que hoje recebe os holofotes em todas as partes do mundo. Esse crescimento, que engloba desde o estado de São Paulo, maior produtor nacional, até novas frentes no Centro-Oeste, tem em cada local características diferentes.

Enquanto a maior parte da produção no país se concentra nas mãos das grandes usinas, no município esta produção está concentrada em pequenas propriedades, fato que acaba por inviabilizar a mecanização agrícola. Desta forma, necessitando da colheita manual, a mão-de-obra migrante acaba por suprir a essa demanda.

A migração nordestina existe por um fator bem definidos: a insuficiência do semi-árido do Nordeste, que não consegue construir uma estrutura na qual sua população possa produzir sem tanta dependência do clima. A partir dos relatos dos próprios migrantes, a necessidade é de consumir produtos além daqueles que seriam utilizados para alimentação, algo além da própria subsistência. Desta forma, a migração não aparece como opção, mas como única saída.

O movimento é importante para todos os agentes do processo, por isso é tão forte, e sem perspectivas de estar em vias de arrefecer, a não ser pela mecanização crescente, que mesmo assim não alcançará todas as áreas. Quais serão as opções para estas pessoas se o trabalho nos canaviais paulistas não estiverem mais acessíveis? Esta e outras questões devem receber mais atenção, e certamente estes fatores acarretarão em grande impacto social no Nordeste, pois como se manter apenas com o trabalho do local?

O que certamente fica evidente é que conforme as oportunidades nos canaviais paulistas diminuírem, os migrantes encontrarão outras formas de suprir as necessidades. Esta é a única afirmação que se mostra evidente, pois

“seria muito difícil ter uma vida digna se não pudéssemos vir pra São Paulo.” (João Francelino Bezerra, 35 anos)

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